Existem inúmeras situações difíceis com as quais nos deparamos ao longo da vida e que inevitavelmente podem gerar dor e sofrimento.

Freud, em seu artigo O mal estar na civilização (1930[1929]) afirmava que o sofrimento nos ameaça a partir de 3 direções e nos remete ao sentimento de desamparo, sendo: o sofrimento advindo do mundo externo, o qual pode se voltar contra nós com forças de destruição; o padecimento de nosso corpo e o sofrimento associado aos relacionamentos interpessoais.

A respeito da primeira fonte, ou seja, do sofrimento advindo do mundo externo, pudemos constatar com bastante clareza, a força de destruição imposta pelo cenário de pandemia que atravessamos, o qual insistiu em nos lembrar de nossa vulnerabilidade diante da vida, colocando em cheque nossas fantasias onipotentes de controle.

O adoecimento do corpo também nos coloca em contato com nossa vulnerabilidade, evidenciando a realidade de nossa finitude.

Em relação ao sofrimento associado aos relacionamentos, podemos pensar nas inúmeras crises de natureza afetiva, relacionamentos abusivos, vivências de perdas e tantas outras situações. A alteridade do outro que abala o nosso narcisismo, a total falta de controle sobre a permanência daqueles que amamos em nossas vidas e que num determinado momento, sem aviso prévio, podem nos deixar, seja por escolha própria ou fatalidades da vida.

Enfim, são inúmeras, as situações da vida que podem nos causar dor e é de fundamental importância o cuidado e a atenção à singularidade sempre presente no sofrimento humano. A forma com que cada um poderá lidar com determinadas experiências, dependerá também de sua própria organização psíquica, ou seja, da posse de recursos internos mais ou menos estruturados.

O suporte profissional, através do tratamento psicológico e psicanalítico pode se apresentar como um caminho para lidar com a dor. Quando o sofrimento tem lugar e é reconhecido, o sujeito pode conseguir construir uma narrativa sobre ele e ampliar as possibilidades de enfrentamento.